16.2.06
Insônia¹
Há algum tempo atrás ver o sol nascer me deixava desesperada. Começava a pensar que o dia ia ter que começar dentro de umas poucas horas e que o meu, conseqüentemente, ia se arrastar. Depois de muitos amanheceres comecei a ver beleza, pensando que um dia que começou tão bem, com tantas cores e sons, nunca poderia ser ruim.
Acontece que os dias continuaram a se arrastar e eu continuo com medo de dormir a cada piscadela de olho.
Acontece que os dias continuaram a se arrastar e eu continuo com medo de dormir a cada piscadela de olho.
6.2.06
Festa no mar.
O mar amanheceu mais calmo do que o normal, as ondas quebrando na praia com preguiça, se alongando, num movimento de espera e preparação.
Num instante aquele tapete azul estava quase que por completo coberto de cestas enormes, multi-coloridas de flores, perfumes e dinheiro. Era hora de oferecer, pedir e agradecer.
Então, tudo o que eu consigo pensar é na graça disso de ser humano. Concentrar esperanças, amontoar tudo numa cesta, jogar no mar e esperar que as ondas tragam os resultados.
Na limitação disso de ser humano: a gente, que não consegue enfrentar nossa finitude, aposta no infinito das águas. Fecha os olhos e acredita bem forte. Canta e dança pra enfatizar a prece. Festeja por antecipação, dá as mãos e faz da vontade do outro a nossa própria.
A verdade é que as melhores conquistas são aquelas com o sabor do não-humano, com sabor de graça atendida, de espera recompensada.
Da Bahia trouxe três desejos, travestidos de nozinhos em fitinha do senhor do Bonfim.
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