24.11.06

Aquela festa.

Joguei meu copo de vinho tinto na tua camisa branca, rodei com os calcanhares no salto fino prata e saí com o calor de todos os olhares vermelhos nas minhas costas. Quase fiquei violeta, mas não virei. Peguei um táxi amarelo, percorri as ruas cinzas e cheguei ao prédio marrom. Paguei ao motorista um dinheiro amassado, ausente de cores, por ser resto teu comigo.

17.11.06

Cor.

Na manhã de natal, Alice correu ansiosa pela casa até a árvore colorida que ocupava metade da sala de jantar. Com olhos rápidos, procurou o embrulho que tinha seu nome, no meio de tantas caixas coloridas, era tarefa difícil achar qualquer coisa. Quando achou, rasgou o papel de presente com fome e com mais fome ainda foi jogando pelo chão os restos da embalagem.

Depois de tanta euforia, não conseguiu esconder sua decepção ao encontrar uma pequena estrela transparente, pendurada por fio de nylon muito grande. Olhou de um lado, olhou de outro. Olhou de cima, olhou de baixo. No final das contas, não conseguiu se decidir sobre o que faria com aquilo.

- Cuidado, Alice. Isso é de vidro e pode quebrar.

Ainda por cima essa, para que serve um brinquedo que pode quebrar? Vidro? Pegou bem na pontinha do fio e suspendeu a estrela, de repente, quatro arcos-íris rodopiaram pela sala, ao perceber que era da sua estrela que eles vinham, Alice pensou assustada: "não é vidro, é cor".