Ela vai passeando devagar por aqueles corredores largos, bem iluminados e cheios de prateleiras coloridas. Acho que é uma espécie de terapia: ver as oscilações de preços, escolher o melhor sabão, descobrir marcas novas, pegar as melhores frutas. Mas o melhor mesmo é descobrir novas promoções, colocar no carrinho e se sentir como se tivesse feito uma grande descoberta. Grande e individual.
Quando eu era mais nova, sempre ia com ela. E, todas as vezes, dava um jeito de me perder. Primeiro eu aproveitava toda a minha liberdade. Todos os cheiros do supermercado e todas as cores eram só minhas, sem ninguém para dizer o que fazer ou para onde ir.
Mas depois que eu enjoava da minha liberdade e sentia falta da mão sempre quente da minha avó, ia para a central de atendimento ao cliente e pedia para anunciar naqueles rádios internos. Era a melhor parte da aventura. Ouvir o meu nome ressoar e pensar que centenas de pessoas saberiam da minha existência naquele minuto. E, convenhamos, centenas de pessoas, para uma criança de cinco ou seis anos, era um mundo inteiro.
Hoje em dia eu não vou mais com a minha avó para o supermercado. Mas continuo me perdendo. Me perdendo de mim mesma, das pessoas, dos lugares comuns. Me perdendo da vida. Mas nessas horas eu experimento um desespero profundo e não tem rádio interno para me dar uma mão quente e me levar para casa.
4 comments:
AMEI pra variar.
Se perde comigo. =D
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Eu nunca gostei de me perder no supermercado...aí eu chorava e chorava até alguém me achar...
Hoje eu também não gosto de me perder em mim...sendo que eu choro e choro e ninguém me acha.
(L)
Oi,
Adoro essa coisa de supermercados...vou chamar sua vó pra ir fazer compras comigo,posso?;]
Muito bom seu blog, está crescendo 'forte e bonito'
=*
se esquece de mim, foi ,putinha?
ou foi pra o post ficar mais poético?
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