16.12.05

Felicidade clandestina*

Eu tô me sentindo tão bem que resolvi escrever sobre as pequenas felicidades da vida, sabe? Aquelas coisas pequenas, que duram uns pouco minutos e fazem o dia inteiro melhor (ou pelo menos as próximas horas, até acontecer alguma coisa que estrague tudo).
São duas horas da manhã de um quinta e eu acabei de chegar em casa. Não foi nenhum programa fora do normal: cinema, comida e uma parada em um bar. Mas acontece que o filme foi bom, a comida tava ótima e no tal bar as pessoas eram agradáveis e a conversa foi boa.
Essas coisas são todas simples, simples até demais. De tão simples se tornam clandestinas, furtadas, inventadas. É como se o mundo inteiro fizesse tanta confusão com essa história de felicidade que ficar contente com tão pouco seria abuso, uma falta de perspectiva ou de inteligência. Motivo mesmo de se envergonhar e a vergonha, como não?, anula qualquer felicidade. Afinal, as pessoas são podres, o mundo é caótico e até a natureza está se vingando, ou seja, qualquer pessoa inteligente vê isso. Aprendam que só uma sorte braba ou amor recém descoberto devem ser motivo de felicidade. Afinal, já cantavam por aí: tristeza não tem fim, felicidade sim...
Acontece que em momentos dessas felicidades roubadas (e nas não-roubadas também), o que se quer mais é gritar para o mundo. E pode ser por pegar um ônibus vazio, por chegar em casa e ter um pedaço de chocolate na geladeira, pela água quente batendo nas costas... Por qualquer coisa, se quer mais é gritar. E que se grite.

*Felicidade clandestina é o nome de um conto de Clarice Lispector.

3 comments:

Anonymous said...

Tanta felicidade ...

Voce não anda hiperventilando?

Já foi no médico?

:-)

Clara said...

bel, vc escreve muito! =)

não tive tempo de escacavilhar o blog todo, pq to no trabalho, mas só essa felicidade clandestina já valeu a pena.

Vou voltar, nem se preocupe. E vou te favoritar logo que o tempo permitir. =)

Anonymous said...

Quem disse que eu sou teu súdito?
risos
vc é minha pri-ce-sa,
minha.
okay?
(=
kisses