15.3.06

Globalização.

Jantar fora sempre foi dos prazeres mais torturantes para mim, o melhor exemplo da angústia sartriana diante das escolhas descartadas. Eu adoro comer e nunca sei ao certo o que quero, tantas possibilidades me deixam desesperada, chego até a sentir saudade do feijão com arroz ou sopa de todo dia.
Hoje foi especialmente difícil. Fui jantar com a minha mãe num barzinho da moda no centro da cidade. Surpresa grande tive ao ver que o cardápio passeava do yakissoba, popular macarrão chinês, até o babangush, obscuro sanduíche árabe, passando, como não poderia deixar de ser, pelo bom e velho arrumadinho pernambucano. A minha mãe, mulher forte e decididade que é, logo escolheu e o garçon começou a olhar para mim. E a olhar, a olhar... Depois de alguns minutos de silêncio tenso, disse que ia escolher depois. Juro que quase decorei aquele cardápio tentando decidir o que ia comer. Acabei me decidindo pela opção mais comum e não-original: uma empada de frango, faz favor, e com muito ketchup.
Quando a comida chegou comecei a pensar como essa coisa de viver numa aldeia global dificulta as coisas. A minha mãe comeu um falafael, sanduíche indiano de pão sírio com broto de feijão, e de sobremesa comeu um fluden, doce judaíco. Eu, criança sem criatividade que sou, acabei devorando um waffle muitíssimo american way of life e uma empadinha muito sem graça, tudo isso ao som do brasileiríssimo Caetano Veloso, cantando em inglês, claro. Se isso não é globalização, o que mais pode ser?
Agora, por favor, tirem-me uma dúvida: de onde vêm as empadinhas?

4 comments:

Anonymous said...

hehehe..
eu tb nunca sei o que escolher nesses lugares..dá vontade de levar o cardápio pra casa e pensar um pouquinho..;]
E este textoo de globalização,saiu isnpirado no que? Nos trabalhos sobre tv digital e tudo mais?
(foi bem?)
=***

Gustavo said...

Resultado da busca por "história das empadas", Beo.

A empada é quase tão antiga como o pão (a pada, feita na padaria).
Os Romanos desenvolveram muitas receitas em torno a este tema e na Idade Média era dos mais importantes pratos de qualquer comida, quotidiana ou de banquete.
Foi cainda em desuso à medida que o garfo ia fazendo a sua penetração na mesa.
Ainda hoje se usam por toda a zona mediterrânea, desde as mais simples às mais complexas, doces ou salgadas, mas todas se baseando na capa de pão (ou outra massa mais trabalhada ou fina) envolvendo um recheio apetitoso.
__________
E ela se globalizou por causa dos portugueses.

De nada.

Gustavo said...

Pra você ver, Beô, como um bordão é algo necessário! Eu nunca nem tinha ouvido falar daquele site...

Anonymous said...

que restaurante da moda é esse?
hoje eu tava vendo umas fotos de garanhuns e fiquei lembrando da nossa viagem.
por que as lembranças que ficam são apenas doces e boas?
eu quase não lembro da crise de choro, do álcool e de tudo mais.
melhor assim, não?
foi aí que eu percebi que estou precisando desesperadamente de outra viagem naquele estilo, bel.
não sei quanto a você.
mas eu pre-ci-so.
poderá ser no enel em brasília. o erel vai ser no maranhão... não estou nem um pouco a fim de ir. aliás, eu não vou.
=]~
arrumei um estágio \o/
pra dar aula... de inglês... mas vou tentar ficar na biblioteca da escola. que coisa né? eu podendo ter o palco da sala, prefiro o isolamento da biblioteca.
...
pausa para pensar nisso.
realmente.
recalque freudiano. lá lá lá

to usando esse espaço como e-mail.
vc não se importa, né?
eu não fui pra ludov (ai, jura, Hugo?) é... sei lá. apenas não fui.
=/
pelo menos não prometi nada, né?
hmmm

madrugada, pra variar.
e eu me pergunto onde está você...
provavelmente no armazém 14.
mas não é essa a pergunta exatamente.
ai, bel.
eu te amo tanto.
e essa madrugada tá potencializando esse meu amor.
(L)
te amo, bela. mto.