9.3.06

Montanha russa.

Dia desses parei para pensar nos possíveis sintomas de crescimento.
Tudo começou quando, de repente, me flagruei com dezoito anos. Foi assim, da noite pro dia, sem motivo e sem aviso prévio. A surpresa foi tão grande que duvidei, me besliquei, tentei fechar e abrir os olhos.
De certo não adiantou. Depois de dar de cara com o inevitável e perder as esperanças de cura, comecei a tentar descobrir os sintomas. Maioridade. Deve significar muitíssima coisa, desde os dez anos, quando os hormônios da futura adolescência começam a querer se mostrar, se começa a desejar os dezoito anos. Não tem como não ouvir um não dos pais e não pedir intimamente que o tempo passe logo e que a indepedência venha, junto com a tal maioridade. Mas o fato é que, em mim, nenhuma mudança se operou. Foi tudo muito sútil e indesejado.
Cheguei à conclusão, sorrindo intimamente, que não ultrapassei a linha de chegada na fase adulta. Contrariando a tudo e a todos, venho me arrastando pela pista, quase parando. Sorriso sapeca, mimada como aos seis anos, roupas coloridas e cabelos desgrenhados. Continuo perdida no meu mundo imaginário, de princesas e sapos.
Ouvi dia desses, numa conversa de botequeim, que a vida é uma montanha russa, com seus altos e baixos. Isso não muda, para crianças e adultos. A diferença é que quando se é pequeno, montanhas russas são divertidas. As quedas vertiginosas são sempre aliviadas pelos gritos, mal se chega ao chão e já se começa a subir. Crianças nunca vomitam em parques de diversão.
E quer saber? Aposto que consigo gritar mais alto que você e sem vomitar. Até mesmo nos loopings.

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